UM POUCO ...

UM POUCO ...

sábado, 18 de julho de 2009

VOLUNTÁRIO - MISSIONÁRIO e AMI

Sal da terra, escudo na guerra
Samaritano, que é fonte de vida
na terra exaurida

Pão do faminto, sem um grão de trigo
sem pedra de lar, sem eira nem beira
procurando abrigo

Mão de Amigo, na solidão da morte
Estrela do norte, na fuga guiando
a vida arriscando

Grito de raiva e dor, vendo a criança
de olhar vazio sem sombra de esperança
roubar migalhas caídas no chão
Rubra flor que alastra no pó da estrada
morrendo esmagada na busca do pão

Oásis no deserto, portal aberto
de Fraternidade, de Igualdade

Sorriso em flor, em campos de dor
De tudo despojado, menos de amor

Maria Ivone Vairinho

(Outubro 2008)

OS OLHOS DAS CRIANÇAS


O homem
Ser mais perfeito da criação
Desfralda falsas bandeiras
Mata por todos os “ismos”
Mata em nome de Buda
De Confúcio,
De Cristo,
De Maomé
Mata em nome da fé.

Mata inocentes
Por causa de tiranos
Provoca a fome
A destruição
Por razões de humanidade.
Estabelece o caos
Arrasa cidades
Em nome da solidariedade.

Instaura ditaduras
Cria novas escravaturas
Mascaradas de fraternidade
Invocando o teu nome: Liberdade!

Recuso as razões da guerra
Todas são sem razão
Nada percebo de estratégias
Nem entendo a visão.

Sou poeta
Vivo no reino da utopia
Onde as palavras
Têm outro significado.

Humanidade é amor
Fraternidade é ser irmão
Solidariedade é amizade
Liberdade é igualdade.

Dói-me ver
Os olhos das crianças
Angolanas
Sérvias
Kosovares
Guineenses
Timorenses.
Em todos eles
Há o mesmo espanto
A mesma mágoa
O mesmo medo
O mesmo desencanto.

Mas porque sou poeta
Vivo no reino da utopia
Sei que um dia
Os olhos das crianças
Vão ser mais fortes
Vão ser maiores
Que todas as sem-razões.

Os donos e senhores da Terra
Vão sentir tanta vergonha
Que acabam logo com a guerra.

Maria Ivone Vairinho

segunda-feira, 6 de julho de 2009

DESAMOR

Só uma gota faltava
Na taça da amargura
Foste tu que a lançaste
E nem sequer reparaste
No rio que se formou.
Revolto e desesperado
No mar da dor se perdeu.
A taça ficou vazia
Tão vazia como eu.

Maria Ivone Vairinho
(in Livro da Dor e da Esperança)

ROSA EM BOTÃO

Era flor em botão
O jardineiro não a via
Não a regava
Não a tratava
Nem sequer sentia
O aroma tão suave
Que dela se desprendia.


Fechada, mirrada
Sentia a vida fugir
E sonhava com o dia
Em que pudesse abrir
As pétalas aveludadas
Espalhar o perfume
Que ardia como lume
No seu caule ondulante
Que se vergava ofegante
Tendo pena de morrer
Sem a vida conhecer.


Outro jardineiro passou
O botão suspirou
Sem esperança, amargurado.
O homem ficou parado
Espantado, intrigado
Com o olor inebriante
Que assim o envolvia.


Viu o botão mirrado
Já quase meio inclinado
E sentiu-se revoltado
Pois de flores conhecedor
No botão viu a rosa
Fragrante, esplendorosa
Que mal tratada morria.


Fora um acaso feliz
Que o desviara do caminho
Que sempre percorria.
Com extremo carinho
Misto de dor e alegria
Pela raiz a arrancou
Apertou-a contra o peito
E depois com muito jeito
Noutro jardim a plantou.


O adubo foi amor
A água seiva da vida
E a flor renascida
Em colorida explosão
Vermelha como o pecado
Rubra como a paixão
Numa manhã radiosa
Transformou-se numa rosa.


Maria Ivone Vairinho
( Livro da Dor e da Esperança)

sábado, 4 de julho de 2009

QUASE...

Tudo começou a sério, na Escola Campos Melo - a escrita ligada ao teatro e à poesia.
Em 1952, pela mão do Engenheiro Ernesto Melo e Castro, passei a fazer parte do Grupo Cénico do Orfeão da Covilhã, onde muito representei e aprendi (durante sete anos fiz teatro, disse poesia, participei nas actividades da Pró Arte, tendo como mestres na arte de dizer Carlos Correia, Dra. Maria da Ascensão Duarte Simões e Luís Ferrer, então a residir na Covilhã).



Amélia Rey-Colaço e Robles Monteiro inauguraram o Teatro-Cine da Covilhã, em 1954. Ficaram na Casa do Jardim de D. Maria José Alçada (tia de António Alçada Baptista que prefaciou o meu primeiro livro de poemas) e foi lá que lhe fui apresentada. Na salinha da entrada, do lado direito do hall, forrada de damasco amarelo torrado e com dezenas de fotografias a encherem as paredes, tive um encontro mágico com uma Senhora que me marcou profundamente pelo porte distinto, pela delicadeza de trato, pela ternura e afabilidade com que me falou.



No dia seguinte ao da inauguração, o Teatro-Cine abriu para que D. Amélia Rey-Colaço e Robles Monteiro me pudessem ver representar no palco. Interpretei “Cananeia” de Gil Vicente. Da plateia, Robles Monteiro dizia as palavras de Cristo.



O que se seguiu já Manuel Correia relatou no livro editado pela Câmara Municipal da Covilhã, "Artistas da nossa Terra". Mas não se passou tudo da forma simples como ele diz:
"Gostaram e abriram-lhe as portas do Nacional. Foi uma oportunidade que não pôde concretizar..."


Tu não foste culpado da inexactidão, meu querido amigo Manuel Correia. Eu não te dei todos os dados, porque me doía falar desta fase da minha vida e já te explico porquê.


Em conversas com D. Maria José Alçada, discutimos a hipótese da minha transferência da Escola para o Conservatório Nacional, mas esbarrámos com a vontade inquebrantável de meu Pai - para Lisboa, sem acabar o curso e sozinha, nem pensar!



Foi uma desilusão enorme, mas tinha dezasseis anos e os desgostos nessa idade não duram muito. No entanto, decidi que assim que acabasse o curso rumaria para Lisboa, para o Teatro Nacional.


Mas não correu como eu esperava. Terminados os Cursos de Formação Geral do Comércio e Complementar, compreendi que não podia partir para Lisboa com a facilidade imaginada aos dezasseis anos. Teria que arranjar um emprego. E comecei a responder a todos os anúncios que se pareciam enquadrar com as minhas habilitações. Passaram dois anos e a minha persistência foi recompensada. Uma empresa alemã convocou-me para um concurso.



Prestei provas e fui seleccionada. Em Abril de 1959, comecei a trabalhar, como correspondente em Línguas Estrangeiras, na empresa alemã, na Rua do Ouro.
A prima Mariazinha abriu-me as portas da sua casa. A filha Isabel casara, fora viver para a Covilhã e a prima Mariazinha e o primo Zé tinham ficado sozinhos, numa bonita vivenda no Alto dos Moinhos, no Pendão, Belas.



A minha primeira visita foi para D. Amélia Rey-Colaço. Conversámos, mas as perspectivas não eram brilhantes. Teria que frequentar o Conservatório, para entrar como discípula e isso representava despesas e deixar o emprego, o que era impensável.



E foi então que Deus me abriu uma janela, depois de me fechar a porta (de resto, este fechar de porta e abrir janelas tem sido uma constante na minha vida, só Deus saberá porquê).


Minha Mãe tinha um primo em Lisboa: Manuel Caldas Xavier, que conhecia meia Lisboa e me ajudou imediatamente apresentando-me a Manuel Lereno.
Num sábado à tarde encontrámo-nos na Brasileira do Chiado. Manuel Lereno quis ouvir-me e fomos para os estúdios da Rádio Renascença, ali ao pé, na Rua Ivens. Disse ao primo Manuel que eu tinha grandes possibilidades de fazer carreira no teatro e como declamadora, quis dar-me lições e prometeu-me uma apresentação no “Combóio das Seis e Meia” e na “APA”. E ofereceu-me um precioso livrinho com exercícios de dicção. Já de regresso à Brasileira do Chiado, de repente perguntou:

- "Canta bem? - e acrescentou - É que se cantasse bem, tudo seria mais fácil. Ia ao Palácio da Independência, ao Centro de Preparação de Artistas da Rádio, falava com o Professor Mota Pereira e tinha o caminho aberto para a carteira profissional”.



Mas eu disse que não sabia cantar. Em casa, contei à prima Mariazinha o que se passara e ela disse: “Canta lá uma cantiga , para eu dar a minha opinião”. Cantei "Castelo Branco é vila..." E a prima Mariazinha disse: “Segunda-Feira, assim que saíres do emprego, vais ao Palácio da Independência e pedes para falar com o Professor. Tens uma bonita voz”.



Pouco convencida, quase certa de que seria rejeitada, apresentei-me no primeiro andar do Palácio da Independência, no Rossio. Fui recebida por Isabel Wolmar, que nesse tempo secretariava o Professor Mota Pereira, no Centro de Preparação de Artistas da Rádio. Cantei "Fui um ano à vindima..." e o Professor admitiu-me no Centro.



Era o tempo da Simone, da Madalena, da Alice Amaro (um amor de colega), do Artur Garcia, Mariette Pessanha e de muitos outros que ficaram pelo caminho, e em revistas da época (Plateia, Século Ilustrado, Flama) fui indicada com uma das revelações e esperanças do Centro.



Cantava com o pseudónimo de Ivone Beirão, porque o meu nome próprio queria guardá-lo para o Teatro, que continuava a ser o meu sonho. A Rádio era a plataforma que tornaria isso possível, do ponto de vista económico.



Assim que pude, fui contar a novidade à D. Amélia-Rey Colaço e ela, com uma certa frieza, disse-me: “escolheu o caminho mais fácil”. E eu respondi: “não, D. Amélia, o mais difícil”. E expliquei o porquê da minha afirmação. D. Amélia não era dada a grandes expansões, mas abraçou-me fortemente e disse que tinha a certeza de que eu representaria no Nacional.



Todas as quartas-feiras, à hora do almoço, ia aos estúdios da Emissora Nacional, na Rua do Quelhas, fazer a gravação do programa do Centro de Preparação de Artistas da Rádio. Todos os dias tinha ensaio no Palácio da Independência, sob a orientação do Professor Mota Pereira e acompanhada pelo pianista Teixeirinha.



Em fins de Junho de 1959, estreei-me num Serão para Trabalhadores, no então Pavilhão dos Desportos. O apresentador foi Artur Agostinho, o maestro Tavares Belo. Na estreia cantei a "Farrapeirinha" e "Pica o Pé", do folclore beirão. Cantei e bisei a "Farrapeirinha".



O meu sonho começava a tornar-se realidade. Como correspondente em línguas estrangeiras, tinha um óptimo ordenado. Na Emissora Nacional pagavam-me 350$00 por cada actuação. O Professor Mota Pereira garantiu-me quatro espectáculos por mês. E ainda tinha uma página semanal na “Crónica Feminina” (nesse tempo uma grande revista, sob a direcção de Milai Bensabat e Maria Carlota Álvares da Guerra), com um conto ou crónica, que me rendia 150$00. Poderia frequentar o Conservatório, continuando a participar nos espectáculos da Emissora Nacional e a escrever para a “Crónica Feminina”.



Os alemães são óptimos patrões desde que os empregados tenham excelentes coeficientes de rentabilidade. Eu tinha que compensar largamente todas as horas que faltava, por causa de ensaios ou gravações. Levantava-me às seis e meia da manhã, para estar no emprego às oito e meia (nessa época, os comboios eram um pesadelo). Quando tinha gravação, não almoçava e ficava a trabalhar até às dezanove horas. Tinha ensaios todos os dias, a partir das dezoito ou dezanove horas, conforme a hora de saída do emprego. Só regressava a casa no comboio das vinte horas e subia aquela ladeira que nunca mais acabava, que ia da estação velha de Queluz até ao Alto dos Moinhos, no Pendão. Nos fins de semana tinha os espectáculos da FNAT.
Foram seis meses cheios de alegrias, mas também de muito cansaço. E não aguentei. Adoeci.



Regressei à Covilhã, magoada, revoltada. Não me despedi de ninguém, não expliquei nada do que se passava comigo. E desde esse dia, até hoje, nunca falei deste período da minha vida. Só o facto de o recordar, me doía. O sonho tornado realidade estivera ali, mesmo ao alcance da minha mão. E por uma fragilidade física, de que não era culpada, tudo se desfazia. Senti o gosto amargo do "quase" de que fala Mário de Sá Carneiro.


Mas tenho a resistência do granito da minha Serra e, mesmo ferida, magoada, nunca deixo de lutar. Outras janelas se abriram, outras portas se fecharam e eu cheguei até hoje. Dia em que, entre amigos, me apeteceu falar de mim, do meu grande sonho "quase" concretizado:
  1. Porque conheci o meu marido na Covilhã (em Lisboa, numa permanência de 10 meses, nunca nos tínhamos cruzado) e depois do casamento vim novamente para Lisboa e a minha vida modificou-se totalmente com o nascimento da nossa Filha;
  2. Porque na empresa onde me empreguei havia um Grupo de Teatro, dirigido por Carlos Pinho e, depois, por Ruy Furtado. Disse muita Poesia em Saraus, representei Gil Vicente, "A Muralha", de Calvo Sotelo;
  3. Porque em 1991 surgiu na minha vida a Associação Portuguesa de Poetas;
  4. Porque desde 2002 dou aulas de "Ler...e Dizer/Oito Séculos de Poesia Portuguesa", na Universidade Sénior de Oeiras, onde em cada aluno tenho um verdadeiro Amigo;
  5. Porque existe dentro de mim esta certeza de que, apesar de todas as dificuldades, encontro sempre o caminho certo para concretizar os meus ideais.


E porque o “sonho continua a comandar a minha vida”, já tenho algumas janelas abertas para deixar entrar o sol que um dia ficou à entrada da minha porta!

Maria Ivone Vairinho

(publicado na revista da A.P.A.E. - Campos Melo - Encontro anual de antigos alunos e professores)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

MENINOS DE OUTRAS "COSTAS" DA CAPARICA




MENINO DA COSTA DA CAPARICA

Menino da Costa
De olhos turvos como o mar
Em dia de vendaval.


Menino da Costa
Que a raiva faz derrubar
O lixo pelo areal.


Menino da Costa
Vagueias a tarde inteira
Pelas dunas ou pinhal.


Menino da Costa
Sem eira nem beira
Que nasceste em Portugal.


Menino da Costa
Pobre ave ferida
Com saudades da savana.


Menino da Costa
Frágil gazela perdida
Sem a terra rubra e plana.


Menino da Costa
Que a própria vida enjeitou
Deixando-te sem morada.


Menino da Costa
Flor exótica que brotou
Sem raízes, sem nada.


Maria Ivone Vairinho
(in...E os Outros?)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN


POEMA PARA SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Verticalidade da pedra
Claridade da cal
Aromas, cheiros da casa
Medo de amar
Força do querer
Ternura da intimidade


Luminosidade do mar
Sabor a sal, mediterrâneo
Ninfas, Musas
Deuses adormecidos
Ânfora dos sentidos


Voz forte que desafia
A demagogia
Repõe a verdade
Definição clara
Pura de Liberdade


Na palavra verbo de saber
Diáfana, transparente
Todas as coisas foram encarnadas
E por nós foram tomadas.


Maria Ivone Vairinho
(02.07.2004)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

COVILHÃ


Autor: Crazy Murdoc

ÁRVORE DA VIDA

Duas raízes beirãs que se encontraram
Uniram-se em forte abraço e rasgaram
A terra granítica, emergindo
Em tronco sólido, nele surgindo
Três ramos pequenos em floração.
Sofreram sol ardente do Verão
Descansaram em Outonos doirados.
Pelas neves e ventos açoitados
Força e resistência foram criando
As suas raízes também afundando
Na Terra-Mãe, naquele úbere chão
Rico de nascentes, farto de pão.


Era Natal, cantavam-se as janeiras
Quando secou, morreu a raiz primeira.
Ramo verde, tronco forte e sereno
Tão cedo deixou os ramos pequenos.
Mas a outra raiz, primeira também
Foi tronco, foi seiva, foi pai e mãe.


Pelo ar da montanha revigorados
Pela água dos riachos saciados
Os três ramos estenderam os braços
Formando uma cadeia de nós e laços
Para três novos ramos procurarem
Com eles se enlaçarem, germinarem
Seis ramos que na rocha implantados
Ao céu ergueram os braços alados.


Entre risos e lágrimas crescendo
Água pura das neves iam bebendo
Dançando em loucas rodas de vento
Quando a Serra prepara o casamento
Põe tiara de brilhantes, veste arminho
E o alvo manto estende devagarinho.


Por tojos e alfazemas perfumados
De mimosas e cerejas toucados
Em noites de lua branca suspiraram
Com zimbro agridoce se embebedaram
Mais quatro ramos na rede do amor
Prenderam, transformando-se em flor.


O ciclo da vida foi continuado
No jogo do amor sempre renovado.
As janeiras cantaram pelo Natal
Brincaram na neve p'lo Carnaval.


As raízes, verdes dedos, buscaram
Frescos ribeiros onde mergulharam
Nos esponsais da Terra em explosão
De verdes doirados, na transição
Telúrica quando chega o Verão
Há flores, frutos em plena sazão
Papoilas rubras orlam o caminho
O ar cheira a giestas e rosmaninho
O vale é tapete em que o barbim
É prata e a trama verde sem fim.
Há brincos de rubi nas cerejeiras
E a cidade inteira salta as fogueiras.


Conta hoje muitos anos de idade
Mas está plena de vitalidade
Aguenta chuvas, os nevões e ventos
Sete pequeninos, belos rebentos
Começam a despontar e a florir
A árvore não vai parar de subir
Cada Primavera renascerá
Um hino belo de amor cantará.


Nasceu na Serra, lá na Covilhã
Árvore da vida, raiz beirã.

Maria Ivone Vairinho
(in Livro da Dor
e da Esperança)

25 DE ABRIL

Era jovem como a revolução
na boca trazia uma canção
de igualdade
fraternidade.


Povo sou
e vim para a rua
de olhos espantados
maravilhados
no peito uma emoção
os pulsos libertos
das grilhetas da opressão .

Plena de felicidade
um cravo recebendo
um beijo trocando
na Festa da Liberdade


Maria Ivone Vairinho