UM POUCO ...

UM POUCO ...

terça-feira, 11 de maio de 2010

HOMENAGEM A MARIA IVONE VAIRINHO (14)

ABRAÇA-ME APENAS
(Para meu Marido)

Abraça-me apenas
Com toda a ternura
Que teus braços sejam
Cadeia segura.

Deixa que assim
Deste meu jeito
A minha cabeça
Repouse no teu peito.

Aqui estou protegida
Deixemos lá fora a vida
Com seus ódios e rancor.
Tudo é paz, serenidade
Águas mansas, tranquilidade
Abraça-me apenas, meu amor.

Maria Ivone Vairinho

HOMENAGEM A MARIA IVONE VAIRINHO (13)

PEÇA RESTAURADA

Era uma caixa rara
feita de amor e saber
dentro dela eu guardava
meu coração de mulher

um dia alguém a quebrou
deixando-me destroçada
ninguém sequer reparou
eram cacos e mais nada

com lágrimas apanhei
cada pedaço partido
com muita dor reparei
os sonhos tinham fugido

num caminho sem amor
só encontrei solidão
foi companheira na dor
na mágoa e desilusão

longa foi a caminhada
choveu, fez sol e nevou
mas na berma duma estrada
fresca flor desabrochou

e quem a caixa partiu
quis que fosse reparada
nem um defeito ficou
parece a que foi quebrada.

Mas eu sei
que, por dentro,
está toda estilhaçada.

Maria Ivone Vairinho

HOMENAGEM A MARIA IVONE VAIRINHO (12)

QUERER

Do vento quero a aragem
Que brinca com a folhagem
Nas noites quentes de Verão.

Do mar a ondulação
Que na praia se recreia
Em mil beijos na areia.

Da água a chuva mansa,
Chuva da minha infância
Fios de prata irisados.

Da neve quero o arminho
Para atapetar o caminho
De meus dias tão cansados.

Do fogo a cinza quente
Que fica brasa ardente
Na braseira colocada.

Das flores quero a silvestre
Alfazema perfumada
Duma encosta bem agreste.

Da águia quero o voo rasgado
Libertando o corpo magoado
Além em plena altura.

Da Terra quero o granito
Para abafar este grito
De raiva e de tortura.

Do amor queria a ternura
De quando me fazias tua.
Do sol eu quero a lua.

Maria Ivone Vairinho

HOMENAGEM A MARIA IVONE VAIRINHO (11)

FORAM DITOS OS SEGUINTES POEMAS DE MARIA IVONE VAIRINHO:

QUE BELO DIA PARA VIVER!

O pessegueiro
Floriu no quintal
Rosa e branco numa orgia
O céu amanheceu
Anilado
Perfumado
As aves enamoradas
Em doce chilreada
Celebraram o novo dia.

O meu tronco
De raízes apodrecidas
Sentindo-se morrer
Os braços descarnados
Levantou
Bebeu o ar primaveril
Encharcou-se de tons de anil
E num suspiro murmurou:
— Que belo dia para viver!

Maria Ivone Vairinho