UM POUCO ...

UM POUCO ...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SESSENTA ANOS

Seis decénios passaram
Seis mortes me tocaram
Seis golpes me rasgaram
Seis marcas me deixaram
No corpo e em todo o ser
Para sempre me lembrar
Que fui proibida de amar
Não proibida de querer

Maria Ivone Vairinho

PELA CALADA DA NOITE

Rastejando vem o medo
Vai-nos ferir em segredo
Pela calada da noite
Tentáculos enroscando
Ventosas vai colando
Pela calada da noite.

De membros manietados
Reflexos condicionados
Pela calada da noite
A força nos vai sugando
O cérebro obliterando
Pela calada da noite.

Olhos são lâminas de aço
Onde se espelha o cansaço
De lutar contra o pavor
De tinta negra inundados
São como lagos parados
Que só reflectem a dor.

Pela calada da noite.

Maria Ivone Vairinho